04. MENINA ISABEL, PAPELARIA

Tomás Cruz: Em primeiro lugar, menina Isabel, é daqui do Porto? Isabel Olivera: Sou. TC: E, aqui no Porto, de onde é ao certo? IO: Sou de Vila Nova de Gaia, de Valadares. TC: Cresceu lá, viveu sempre lá? IO: Sim. TC: Quanto tempo demora a chegar cá? Porque ás vezes estou cá de manhã e vejo a Menina Isabel a entrar e pergunto-me: quanto tempo é que.. IO: É assim, desde que saio de casa até chegar aqui é uma hora, porque venho de comboio, depois Campanhã, Casa da Música, e depois venho a pé. É uma horita, mais ou menos... TC: E há quanto tempo trabalha na FAUP? IO: Entre os 5/6 anos, se não estou em erro. TC: E antes disso? IO: Antes disso... É assim, eu vim para aqui com a Araújo e Sobrinho, e nós na Araújo já estávamos no Campo Alegre... TC: Ali à beira do Capa Negra. IO: Exatamente... E depois, na altura, o antigo presidente da Associação [de Estudantes] falou com a Araújo para eu vir para aqui, e proporcionou-se eu ficar; mas com alunos da FAUP assim directamente já trabalho há quase dez anos! TC: Por causa da loja no Campo Alegre... IO: Certo! TC: Gosta de cá trabalhar? Quais são as boas experiências, más experiências, coisas mais fora do normal que tenham ocorrido? IO: Más experiências não tenho, boas experiências tenho quase todos os dias. Gosto de trabalhar aqui, gosto de trabalhar com os alunos, acho fantástico vê-los crescer! TC: Nota-se que gosta de falar com os alunos IO: Gosto, e gosto de ajudar; sabes que, com o passar dos anos, uma pessoa vai ouvindo e sabe que vocês para Projeto usam mais aquilo, para não-sei-quê usam mais aquilo, e eu vou ajudando acho que também um bocadinho nesse sentido. E gosto de vos ver passar por todas as fases, acho interessante. E já conheço alguns alunos que, entretanto, já são formados em Arquitetura e já estão a exercer, e acho fantástico... TC: Nota-se mesmo que há uma proximidade que cria com os alunos. IO: Eu tento fazer isso, sabes? Acho que não ganhava nada em não o fazer: isto é o meu local de trabalho, passo aqui muitas horas e isso faz-me sentir bem, e acho que vocês também passam aqui muitas horas e por isso também se devem sentir bem. TC: E nós também fazemos um bocadinho o que podemos para a menina Isabel se sentir bem, e acho que é assim que tem que ser. IO: E é isso mesmo, porque vocês também passam aqui muitas horas e não é nada agradável estar aqui contrariado, e “eu não gosto” e não sei quê, é péssimo. TC: Ok, uma pergunta mais fora do âmbito da faculdade: é um domingo à tarde, não tem nada para fazer, o que faz? Que planos? IO: Olha, gosto muito de ir passear, gosto de treinar.

TC: Treinar o quê? IO: Ginásio, ou até fora do ginásio, gosto de ir à praia. Adoro o Verão! Gosto de ler, também...

TC: No seguimento, tenho aqui uma pergunta: tem algum livro que aconselhe? IO: Gostei muito de ler o José Rodrigues dos Santos, a Força Divina.. Também gosto da Isabel Allende, o Retrato Sépia, adorei! Gosto muito desses dois autores e tento ler um bocadinho nessa área.

TC: E um filme? IO: Um filme? TC: Sim, assim um filme que a tenha marcado, pode ser de agora, mais antigo..

IO: Antigo, lembro-me perfeitamente na minha adolescência, era o Dança Comigo, o Titanic, aqueles mais.. TC: ...mais icónicos. IO: Sim!

TC: E daqui do ambiente da faculdade em si, não tanto dos alunos, onde é que gosta mais de estar, onde é que vai passear, onde vai almoçar, almoça aqui, almoça fora, traz comida?... IO: Olha, eu sempre eu tive o hábito de trazer a comida. Passear, na FAUP, não tenho esse hábito.

TC: Mas conhece os jardins... IO: Conheço, já fui ao Carlos Ramos, depois o resto vou conhecendo mas nunca me deram assim uma [explicação] do género, aqui é isto, ali é aquilo, isso não sei... Depois gosto muito de ir ao bar, tomar o meu café, à hora de almoço. E gosto muito da Papelaria, claro!

TC: Pronto, assim de repente não me lembro de mais nada para perguntar, mas também as pessoas vão falando bastante consigo e vão conhecendo a menina Isabel de uma maneira mais informal do que esta entrevista. IO: É verdade, e gosto imenso!

 Fotos: Aúna Nunes